Livro 0.4 – O atelier
Luz vermelha misturada com lâmpadas antigas de tom laranja, era um tom que poderia parecer sexy, mas o cenário ou redor deixava bem claro que aquele lugar era feito pra dar merda…
Com toda certeza era um lugar VIP, poucas pessoas porém pareciam bem à vontade como se frequentassem sempre, nenhuma câmera e apenas um segurança na por, ou seja, privacidade era algo que os convidados procuravam, e não era por menos, os poucos que ainda estavam vestindo alguma coisa ou era de couro ou tinham zíper ou espinhos, o som era de uma mistura de black metal com música indiana que para Hannow não fazia o menor sentido, mas parecia estar em harmonia praquele bando de loucos, então o Pintor se senta no que parecia ser o único sofá onde não tinha ninguém trepando e dá uma longa aspirada na biqueira de um narguilé que mais parecia uma jarra feita de vidro e ossos.
– Dê uma experimentada, Hannow, pra colher esse tabaco muitas boas pessoas sofreram por meses, e eu sei disso porque dentro desse frasco tem boa parte do sangue delas, e os que não aguentaram o trabalho, bem, ficaram bonitos servindo de apoios e encaixes para meu narguilé, não?
Hannow senta no outro canto do sofá de 4 lugares claramente evitando ficar próximo demais do Pintor, enquanto a fumaça era baforada criando uma cortina que misturava tons de cinza azulado, Hannow pega um maço de cigarros bastante amassado do bolso e acende um cigarro queimado pela metade, e olha para o salão, como quem tenta procurar uma rota de fuga antes de falar algo que vai irritar alguém, depois de soltar um fedorento caracol de fumaça em direção do Pintor ele prossegue.
– Belo lugar você tem aqui, mas não é a minha praia, e provavelmente não era a praia do bando de gente morta que eu consigo ouvir gritando por baixo desse seu carpete chique e cafona… Eu sempre soube que você tinha suas peculiaridades, e toda essa babaquice de usar sangue em tintas e na porra toda, mas o que tenho ouvido falar por aí é que depois da merda toda que aconteceu com o mundo você se tornou mais… abusado.
Hannow dá um peteleco no resto do cigarro e ele cai exatamente no prato de brasas do narguilé. – E ele continua.
– Eu nunca liguei pra essas suas merda pseudo artísticas, e pode acreditar menos ainda praquele bando de idiotas os quais você entupiu o cu de droga ao ponto deles perderem a alma, mas eu soube que você tem trabalhado com uma galera, e é uma galera que está me incomodando, então vou ser bem simples com você. – Hannow pega um copo de dose numa pequena mesa em frente ao sofá e vira em um gole.
– Você vai me contar que merda nova é essa que vocês tem feito, ou eu vou ter que enfiar esse narguilé no seu rabo?
O Pintor esboçou um leve sorriso debochado e deu uma longa tragada no narguilé, e estranhamente dessa fez a fumaça que ele expeliu não era mais cinza azulada, mas um vermelho esverdeado, e o cheiro… o cheira era de gente morta. Por um segundo Hannow conseguiu ver ao redor do sofá, nas verdade por todos os cantos do ateliê corpos pútridos como se estivessem dentro d’agua por muito tempo, alguns tentavam arranhar as paredes como se tentassem fugir e outros pareciam se prender aos pés dos convidados enquanto eles trepavam como animais, e até esses, que antes só pareciam loucos drogados agora mostravam que partes dos seus corpos também apodreciam, como um mofo ou lodo que entrava pelas suas bocas, narizes, vaginas, ânus e veias, e ao redor do sofá algumas daquelas figuras pútridas criavam um círculo em volta do Pintor, como se orassem. – E ele continuou.
– Agora você vê, Hannow? Você acha mesmo que pode me ameaçar? Eu sou ABSOLUTO AQUI.
Hannow dá uma longa tragada e olha ao redor, aquelas figuras “orando”, ele solta a fumaça de seus pulmões e apaga o cigarro na testa de uma daquelas coisas, e continua. –
– É agora que você perde o narguilé?
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