ARS ARCANUM - novembro 4, 2022

O Deus cornífero

Atualmente apresentado como consorte da Deusa tríplice, seguindo as fases de nascimento fertilidade e morte associadas aos festivais pagãos, representando a força, virilidade, fertilidade vida e morte. Cernunnos tem em seu arquétipo alguns elementos tradicionais Celtas, como o torque agregados à elementos Romanos, as pernas de sátiro, sua imagem ainda pode ter uma mistura de flora e fauna uma vez que ele represente a vida como um todo, mas essa relação do Deus cornífero com a Deusa é um conceito neo pagão relativamente novo, e não há evidências acadêmicas que indiquem que os povos antigos possam ter feito tais celebrações e material sobre esse Deus é quase especulativo uma vez que a maioria dos povos celtas sofreram influência dos Romanos quando dominaram a Grã-Bretanha.

Contextualização:

Cernunnos foi citado poucas vezes na história ao logo dos séculos, uma vez que muitos dos povos envolvidos, não registravam seus acontecimentos e lendas, coube aos historiadores preencherem a lacuna observando a arte, instrumentos e artefatos deixadas para trás e analisando outras culturas que observaram o Deus Cornífero para se ter uma ideia do que foi essa divindade.
O Deus Cornífero tem mais relação com um arquétipo de várias divindades correlacionadas do que um Deus singular pois nem os Romanos, Germânicos e Celtas tem registros de sua imagem como vemos hoje. Os Romanos comparavam os deuses de outros povos pela correspondência com o seu próprio Panteão, chegando a conclusão de que eram os mesmo deuses, isso servia para validar a própria fé em seus deuses, pois pra eles os seus deuses eram os únicos que existiam e que foram interpretados por outros povos de diferentes formas mas com mesma essência, porém Cernunnos não tem um equivalente Romano advindo de outra cultura, oque faz o investigador da história quebrar a cabeça e dar voltas sem sair do lugar, mas voltemos no tempo e analisamos alguns fatos e lendas.

Filosofia Analítica da História:

Ao comparar uma informação a outra encontramos uma correspondência entre as “essências” mesmo que fragmentadas, e com esse propósito esclarecer a existência de algo, as virtudes por trás do objeto analisado sem comprometer nenhuma tradição ou religião consagrada.

O nome do Deus Cornífero “Cernunnos” vem de uma única inscrição encontrado abaixo da Catedral de Notre-Dame em Paris, as ruínas de um antigo templo foram usadas para escorar a margem de um rio, nessas ruínas foram encontrados vários pilares por volta de 1710, um mais famoso foi chamado de o pilar dos barqueiros encomendada por uma Guilda de armadores no séc I D.C. Como muitos monumentos da Gália Romana, o Pilar homenageia os Deuses Nativos e Romanos, Cernunnos aparece ao lado das Divindades Gaulesas Hesus e Esmértrio e das divindades Romanas Júpiter FORTUNA e Vulcanus.

Os petroglifos do Alpes Italiano também apresentam figuras cujo os padrões se assimilam ao arquétipo de Cernunnos, aspecto masculinos com chifres, torque e cobra nas mãos, podendo conter uma datação de 7 sec. A.C.

Em 1891 em uma turfeira perto da aldeia de Gundestrup na paróquia de Aars em Himmerland, Dinamarca, foi encontrado um caldeirão de prata ricamente decorado com figuras humanoides com chifres sentado segurando um torque e uma cobra rodeado de animais, datado entre 150 a.C. e 1 a.C. Apesar do indício de ser Celta seja meio controverso o caldeirão se encontra em exibição no Museu Nacional da Dinamarca em Copenhague.

Uma placa em Luxemburgo carrega o nome Déo Ceruninco é uma referência linguística ao Deus Cornífero mesmo não havendo imagens junto a placa podemos levar como evidência o nome ser conhecido fora de Paris.

Mesmo com poucas evidências, as descobertas de mais de 50 exemplares de uma figura com chifres no norte da Gália e na região dos Celtíberos onde os primeiros Celtas viviam e o que hoje é o Leste da Espanha, mesmo não havendo escritos, podemos comparar os padrões das figuras encontradas com a do Pilar dos Barqueiros, sendo ou não Cernunnos, temos ao menos a indicação de um mesmo arquétipo de divindade:

  • Aspecto masculino;
  • Chifres de Veado;
  • Torque nos chifres ou nas mãos;
  • Anel de ouro no pescoço(símbolo de status para os Celtas).

Várias imagens de um Deus com chifres são encontrados em pinturas Gaulesas e “Celtiberianas (Povo do norte da Península Ibérica que foram Celtizados)”.

E como se a imagen, numa escala histórica milenar, tivesse viralizado e mesmo assim nenhum culto fixado a esse Deus especificamente.

Lendas comparativas:
No livro de Margaret Murray de 1931, Deus das bruxas, ela postula que Herne o Caçador, um servo e amigo do Rei Ricardo II (que reinou de 1377 à 1399), é uma manifestação de Cernunnos. Descrito nas poesias de Shakespeare no período Elizabetano (reinado de Elizabeth II 1558–1603) com um fantasma com chifres em sua cabeça, associado à Floresta de Windsor e ao Great Park no condado inglês de Berkshire.

Outra lenda comparativa é o Deus Grego Pã, uma hora filho de Hermes e em outra era filho de Zeus, o padrão do Arquétipo é semelhante, forma masculina com chifres e pernas de bode, ligado a natureza, música e fertilidade. E a figura mitológica contendo culto e lendas mais próximo do Arquétipo do Deus Cornífero. Pã também era chamado de Fauno pelos latinos e inspirou a constelação que hoje chamamos de Capricórnio.

É incrível os padrões dos arquétipos encontrados em cada um dos exemplos e explicar a natureza dos elementos encontrados em cada imagem artefato lenda e poesia é oque da sentido a essa análise filosófica.

*O Torque era tido como status e riqueza nas antigas tribos Gaulesas;
*Os Celtas viam prosperidade na saúde e abundância em recursos, animais grandes e com chifres proporcionavam comida, roupas e peças para artesanato;
*Um dos símbolos encontrado no arquétipo do Deus é a cobra, representando a sabedoria tanto para os Celtas, Egípcios, Gregos entre outros povos que carregam este símbolo;
*O chifre é ligado a força e virilidade, nessa parte do Arquétipo, vemos uma observação plausível das culturas primitiva, dentro das espécies com chifres, o macho mais forte tem uma dispersão hormonal maior, tem vantagens numa luta para decidir qual terá o direito de acasalar;
*Os aspectos bestiais meio humano em arquétipos de Deuses fazem lembrar das virtudes e o sagrado que cada animal carrega em sua tradição, a parte humana faz a ponte simbólica entre o divino e os mortais.

Podemos concluir que Cernunnos é uma recente construção que reaproveita elementos de outros deuses e tradições mais antigas, seguindo um padrão de aspecto semi animalesco advindos da percepção que damos ao divino e a sagrado.
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– Todo homem e mulher é um laboratório.


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