DEMONOLOGIA|PARCERIAS - novembro 22, 2019

(ANÁLISE) Desnudando Lilith

Esses dias eu acabei sem querer achando pelo facebook uma página chamada “Toda Mulher é Filha de Lilith”, que acabou me fazendo perceber no quanto o erro de conceito sobre essa entidade tem se proliferado pelos que estão começando a estudar recentemente o “lado oculto”. De início eu achei que só os wiccas que vivem no mundo cor de rosa estavam entrando nessa de “Lilith é Deusa Mãe”, mas recentemente, por alguma razão, gente DEMAIS tem vindo me falar dela e alguns até se ofendendo quando falo que ela não é “Deusa Mãe” de nada além de uma miríade de Demônios devoradores.

Como eu não gosto de deixar nada mal explicado, e como eu to mesmo querendo começar uma categoria de “Demonologia” aqui no Blog, nada melhor que dar início a essa sessão falando da Mãe dos Demônios…

Origens Pré – Judaicas

Devemos ter em mente que o conceito de Lilith que possuímos hoje, não é derivado de uma única entidade, mas de vários conceitos antepassados reunidos em um único aspecto. E não, nenhum destes aspectos é bondoso. É fato conhecido que os Hebreus, de onde surgiram as raízes judaicas, sendo um povo nômade, entraram em contato com diversas culturas dos arredores ao longo do Antigo Testamento, destacando aqui o livro de Deutero-Isaías (este derivado em si das escrituras hebraicas). Era ato comum na época, demonizar os Deuses dos povos rivais, e assim “rebaixar” moralmente aquele povo. Muito da Demonologia Judaico-Cristã nasceu desta forma. Mas alguns demônios e entes foram simplesmente misturas de Demônios de outros povos. É um erro ingênuo crer que o Maniqueísmo e a Dualidade Bem x Mal nasceu no Cristianismo!

Dentro destes povos, nos focando neste texto no mito de Lilith, podemos reconhecer algumas fortes influências:

Lilitu: Lilitu vem da raíz semítica LYL, significando “Noturna”, é um adjetivo feminino utilizado na mesopotâmia para se referir a entidades noturnas femininas. As derivações desse adjetivo são “lalu” (“aquela que vaga”) e “lulu” (Lasciva, Luxuriosa). Lilitu era uma entidade que os povos mesopotâmicos se referiam como sendo a rainha dos Lilu (“Succubus” que invadiam os sonhos eróticos dos homens e os roubavam o sêmen a noite para levar a Lilitu, para que ela parisse os Lilins (seus filhos devoradores de homens), estes habitavam nas ruínas e desertos. A versão masculina dos Demônios que invadia os sonhos eróticos de mulheres (os atualmente chamados “Incubus”) eram os Irdu Lili.

Ardat Lili: Era serva de Lilitu. Uma Semi-Deusa pecaminosa e igualmente predadora. Era senhora das doenças e da obscuridade. O prefixo “Ardat” deriva de “Ardatu”, palavra utilizada pra designar as prostitutas e mulheres impuras. Ela era tida como a “Sem Maridos”, tendo os seios incapazes de produzir leite e vagando a noite para “Ceifar os Homens”.

 

Pazuzu envia Lamashtu ao Submundo, talismã utilizado pra proteção de recém nascidos

Lamashtu: Uma entidade semelhante a Lilitu, Lamashtu era filha do Deus dos Céus “Anu” na mitologia mesopotâmica. Ela era irmã, rival e amante de Pazuzu (famoso – mas de forma distorcida – por ser o vilão do Livro/filme “O Exorcista”), o senhor dos quatro ventos e da fertilidade. Pazuzu era tido como o Deus que a expulsava novamente para o Submundo, impedindo que ela atacasse os homens, mulheres grávidas e crianças. Várias orações podem ser encontradas para expulsá-la, bem como vários hinos exaltando sua bestialidade e maldade.

A partir destes Demônios predadores antigos, os Judeus criaram sua própria versão de Lilith.

Lilith no Judaísmo: Na mitologia Judaica, Lilith foi a primeira mulher, criada junto a Adão, mas as referências a ela são muito esparsas. E pontuais. Os Judeus evitam falar nela, que foi a primeira a se rebelar contra YHWH, abandonando seu marido por se recusar a ser submissa a ele, e passando a odiar TODA a criação. A “mulher da noite” foi se refugiar fora do Éden, nas terras do Oeste, onde teria encontrado o Seraphim Caído Samael, “O Veneno de Deus”. Junto a ele, era teria parido 480 Demônios e começado uma saga de ódio a humanidade.

Na Cabala, Lilith corresponde a Qlipha Lunar que contrapõe Yesod, Gamaliel. É a responsável pelos pesadelos,  o útero do Sitra Ahra, cuja emanação sustenta a Árvore da Morte presa em Malkuth.

Lilith na Bíblia: Na bíblia cristã Lilith possui apenas uma referência, em Isaías 34:14; sendo esta:

“E nos seus palácios crescerão espinhos, urtigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de chacais, e sítio para avestruzes.
As feras do deserto se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos (Bestas Noturnas = Lilith) ali pousarão, e acharão lugar de repouso para si.
Ali se aninhará a coruja e porá os seus ovos, e tirará os seus filhotes, e os recolherá debaixo da sua sombra; também ali os abutres se ajuntarão uns com os outros.”

 

No Satanismo atualmente, Lilith é aquela que, através de Leviathan (O Dragão Cego) entra em conjunção com Lúcifer-Samael e dá luz as trevas. Ela é o útero do Sitra Ahra e a porta para as Qliphoth. A Mãe Das Aberrações Sinistras que caminham pelo mundo astral e vampirizam, drenam e esfacelam o rebanho de humanos presos no Causal. Na Astrologia Sinistra, ela corresponde a fase Negra da Lua, onde os trabalhos de destruição, infertilidade e luxúria são realizados.

Percebam que não existe, simplesmente não existe nenhum aspecto bondoso nela, sendo uma Deusa Negra Anti-Cósmica responsável por destruir a criação demiurgica.

Ela não é “Deusa Mãe”. Ela não é “Fértil”. Ela não possui filhas, a menos que você dedique sua vida a ser uma Demônio. E principalmente, ela NÂO É FEMINISTA E NÂO ODEIA HOMENS. Ela ODEIA toda criação Demiurgica. Não distorçam Deuses a bel-prazer para tentar justificar suas ideologias mundanas.

Ba Nam I Ahereman.

Azi Dahaka.

ps: Fonte – “Devils and Evil Spirits of Babilonia Vol. I”

~ por Arauto em novembro 20, 2014.

https://arautodochaos.wordpress.com