

Possessão e incorporação pt-3
Olá pessoas, eu sou a Delirium da Occulta Umbra, Atos Negros e Imperium Fortuna e hoje vamos dar continuidade na materia sobre possessão e incorporação.
Religiões de Matriz Afro.
“As afro-brasileiras são religiões de pequenos grupos que se congregam, nos territórios, em torno de uma mãe ou pai-de-santo. Embora se cultivem relações protocolares de parentesco iniciático entre os terreiros, cada um deles é autônomo e auto-suficiente, e não há nenhuma organização institucional eficaz que os unifique ou que permita uma ordenação mínima capaz de estabelecer planos e estratégias comuns na relação da religião afro-brasileira com as outras religiões e o resto da sociedade (PRANDI, 2006, p.19).”
Alguns autores apontam o transe de possessão como uma forma de comunicação direta com o sagrado através da incorporação de espíritos por pessoas dispostas e preparadas para a função.
Trata-se de um fenômeno complexo e presente em diversos cultos e crenças, é entendido por alguns como uma renúncia da vontade e da consciência onde o indivíduo se deixa ir, se permite ser dirigido por forças externas.
O fenômeno dissociativo aqui pouco se difere do que tratamos no kardecismo, mas aqui já estamos falando sobre egrégoras, não “espíritos” como os kardecistas se referem.
O transe mediúnico aqui é chamado de “incorporação”, alguns dividem ainda em “incorporação consciente” onde o indivíduo apesar de conectado a egrégora tem total ciência do que acontece ao seu redor e também há a “incorporação inconsciente” onde o indivíduo está conectado a egrégora e não tem nenhuma idéia do que ocorre durante o processo.
A literatura apresenta o transe sendo percebido como um elemento fundante para as cosmovisões e religiosidades afro-brasileiras. Outrora fora visto como sinônimo de status e poder em sociedades primitivas, com o advento do monoteísmo esse fenômeno passou a ser perseguido, combatido e reprimido.
Candomblé.
Essencialmente, pelo menos em Ketu, temos “incorporações” apenas de Orixás e Erês, apesar de diversas casas também terem festividades específicas para outras egrégoras (exu, pomba gira, caboclo, etc) quando estas ocorrem dizemos que a pessoa está “tocando em umbanda”, não de fato candomblé.
“O transe é o ápice da vivência religiosa no terreiro. O fim de todo o desenvolvimento da religiosidade em Ketu, é a aproximação entre o fiel e o orixá a tal ponto que a divindade possa se manifestar no corpo do sujeito devidamente iniciado. Por isso entender o transe, seu funcionamento e a significação deste para o povo de santo é condição sine qua nom para a compreensão dessa religião.” (MORAES E COSTA, 2014, p. 09)
Se tratando de Orixá não há aqui a ideia de que a egrégora adentre e ocupe o lugar do indivíduo, aqui se fala numa energia emanada pela egrégora, que através de um distúrbio de chakras, manipula o médium, guiando a vontade e ações do mesmo, fazendo-o dançar ou apenas se fazer presente durante as chamadas obrigações.
Segundo a maioria dos indivíduos que eu conheço e minhas experiências empíricas dentro do candomblé percebi que, em sua maioria, as incorporações são sim conscientes. Por Jay-Zus, são 14 anos…
Analisando em comparação ao Kardecismo, podemos dizer que a incorporação consciente se assemelha a subjugação e a inconsciente a possessão. Ainda que o candomblé entenda o fenômeno de forma diversa, não considerando a ideia de dois corpos ocupando o mesmo lugar no espaço, e sim como uma emanação que subjuga a vontade do indivíduo. Não se fala aqui em espíritos malignos.
Umbanda.
A umbanda é descrita por Lages (2012, p. 528) como “uma religião essencialmente marcada pela possessão e a fé na existência de espíritos, é uma religião híbrida que recebeu elementos de outros campos religiosos como catolicismo, espiritismo e de crenças indígenas’’.
O transe mediúnico aqui, se assemelha ao candomblé com algumas ressalvas, várias ressalvas, e de certa forma encontramos elementos apartados que nos permitem traçar paralelos com o Kardecismo.
Lembrando que o Kardecismo define possessão da seguinte forma: o perispírito se retira juntamente com o espírito para fora do corpo, e quando isso ocorre a egrégora une seu perispírito ao corpo adormecido e o desperta, controlando o mesmo. Isso seria a chamada incorporação inconsciente.
Já se tratando da incorporação consciente traçamos um paralelo com o candomblé, onde a egrégora através de emanação subjuga o indivíduo, porém sem retirar sua consciência.
Por hoje ficamos por aqui. Fiquem de olho para a parte III da matéria.
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